O património de Trancoso é vasto, rico e variado nas suas componentes multifacetadas ligadas aos costumes, tradições, lendas, passagens reais da História e dos elementos construídos, alguns de grande vestustusidade e outros reduzidos à sua simplicidade mas de grande importância no conjunto monumental. É o caso do Postigo do Boierinho.
Há precisamente 91 anos, o povo de Trancoso insurgiu-se contra a destruição do seu “Boeirinho”, uma pequena porta das muralhas medievais que a Câmara Municipal pretendia emparedar por proposta do então Ministério da Guerra.
De reduzidas dimensões, é um pequeno postigo situado próximo das Portas do Prado, onde só cabe uma pessoa de cada vez e que serviu para a entrada dos retardatários em tempo ou período de perigo para a vila, já que estavam fechadas todas as portas.
Do interior era possível trancar esta abertura, de difícil acesso, integrada no conjunto defensivo de Trancoso, quer ainda hoje se mantém visível e de acesso à Rua do Boeirinho, que dá para o exterior das muralhas, atravessado o postigo.
Há época, através do jornal Folha de Trancoso, o escritor Antero de Figueiredo, dando eco ao descontentamento da população, alegou que este postigo era um “documento único no conjunto da defesa de Trancoso”.
O Boeirinho e a sua história, tanta e escondida nas pedras enegrecidas que o constituem, ali está e a sua destruição não vingou. Ele pode ser visto, disfarçado nas suas reduzidas dimensões, como um testemunho físico do património medieval e fortificado de Trancoso.